28.4.14

Visto e "ouvisto"... LXX

Quarenta anos depois do 25 de Abril, vivemos em liberdade... mas com medo.
A austeridade imposta é a própria antecâmara do medo
Medo de não ter trabalho.
Medo de falar e perder o lugar do sustento (há mais quinhentos na fila, dispostos a trabalharem cada vez por menor salário).
Medo de não ter acesso à saúde... e à farmácia.
Medo de se ter que trabalhar (os que puderem) até morrer.
Medo da usurpação das reformas.
Medo da ausência de esperança para os nossos.
Medo da opinião opressiva e única.
Medo da ausência de alternativa política.
Medo de uma Europa que deixou de ser integradora.
Medo de um futuro similar a um passado, que se queria longínquo.
Medo de uma liberdade que é cada vez mais formal
Medo da liberdade de se dizer que se tem fome.
Medo da liberdade de se dizer que se perdeu a casa.
Medo desta liberdade que não é a minha liberdade.
Medo de um ordenado mínimo inferior ao do tempo do marcelismo.
Festejemos pois o 25 de Abril de 1974... mas nunca o de hoje.
A liberdade que nos permitem é a do medinho e novamente a do respeitinho.
Quarenta anos depois do 25 de Abril, têm que surgir alternativas.
Houve coragem no Largo do Carmo ao  afirmar-se que o rei ia nu.
Haja a coragem de dar corpo a essa coragem.
Haja a coragem de retirar a última tanga ao despudorado rei.
Haja a coragem de refazer uma aliança de novo com os militares de Abril.
Haja a coragem de refundar a esperança através da criação de um partido novo, liderado (porque não?!) de novo pelos militares de Abril!
Esta é hoje a minha esperança e gratidão que quero ver de novo incorporada nos sorrisos deste Povo.
Precisamos de uma refundação democrática legitimada pelo voto.
Com coragem, com a  liberdade da qual esta ganapada tem medo, recriemos o país e corramos com esta gente de vez.
Acredito, com a força que o desespero transmite e que a esperança fortalece, que os militares de Abril estarão dispostos a prestarem mais este serviço ao País.
Com coragem e determinação eles deram-no a entender.
Aproveitemos já a sua mão estendida, que amanhã será tarde.
É precisa uma vaga de fundo que transforme a ideia num facto político incontornável.
A réstea de esperança dita com coragem está aí. Apanhêmo-la com ambas as mãos.
A oportunidade existe e é crível, havendo, no máximo, um ano para a enraizar, pois o Bloco Central dos interesses vai de mãos dadas antecipar eleições, pois não se querem sujeitar ao vexame de desaparecerem do mapa.
A cidadania precisa de gente credível.
O tempo das negociatas e de governantes a viverem acima das nossas possibilidades terá que ter terminado.
Os Passos, os Seguros, os submarinos, perdão, os Portas, os Dias Loureiros,  os BPN's não têm lugar neste País  que se quer de esperança.
Vamos construí-lo neste presente esperançoso.
Basta querermos.
Um abraço a todos.
E viva o espírito de Abril.

3 comentários:

Fatyly disse...

Um grito de esperança e liberdade que subscrevo!

Um abraço

jardinsdeLaura disse...

Uauuu não podia estar mais de acordo, diria mesmo que me tiraste as palavras da boca. Oxalá ainda haja uma pouco dessa coragem de há 40 anos atrás. Mas sem querer desanimar-te acho que desta vez os militares de Abril correriam o sério risco de serem acusados de golpe de estado terrorista. Hoje já não há revolucionários, ou são loucos ou pior ainda terroristas! A Europa está a rebentar pelas costuras e a melhor forma de manter o povo quietinho e submisso é convencê-lo que deve aceitar a austeridade e que não fazê-lo é ato de loucura ou terrorismo. E o pior é que muitos, senão mesmo a maioria, já acreditam!!

Mona Lisa disse...

Retrataste fielmente, com a mestria que te caracteriza, a situação caótica do nosso país.

Admiro a tua esperança que está patente no teu brado de revolta.

Perdi-a totalmente!

Beijinhos.